Comunidades terapêuticas como forma de tratamento para a dependência de substâncias psicoativas

03/05/2025

Comunidades terapêuticas como forma de tratamento para a dependência de substâncias psicoativas

Por de Nathalí Di Martino Sabino e Sílvia de Oliveira Santos Cazenave

            O artigo publicado na revista Estudos de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, investiga o papel das comunidades terapêuticas (CTs) no processo de reabilitação de pessoas com dependência química no Brasil. A pesquisa se baseia na aplicação de questionários a 26 indivíduos em recuperação, com o objetivo de traçar o perfil dos participantes, identificar os fatores que levaram ao uso de substâncias e avaliar a eficácia do tratamento em comunidades terapêuticas.

Os dados coletados revelam que a maioria dos entrevistados é do sexo masculino, com idade média de 36,7 anos. O uso de substâncias teve início, em média, por volta dos 15 anos de idade, sendo a curiosidade e a influência de amigos os principais motivos relatados para o primeiro contato com drogas. As substâncias mais consumidas foram o álcool e a cocaína, especialmente na forma de crack. Muitos dos participantes já haviam passado por outras formas de tratamento antes de ingressarem nas comunidades terapêuticas, o que indica a busca contínua por alternativas eficazes de recuperação.

As comunidades terapêuticas, conforme descrito no artigo, são espaços estruturados, nos quais o uso de substâncias psicoativas é proibido, e a abstinência é incentivada por meio da convivência comunitária, da responsabilidade pessoal e da ajuda mútua. Esse modelo tem origem nas experiências de Maxwell Jones, na década de 1950, e foi adaptado ao contexto brasileiro. No Brasil, o crescimento e a popularização das CTs tornaram necessária a criação de regulamentações específicas, como a Resolução RDC nº 101 de 2001 da ANVISA, que estabelece critérios para seu funcionamento e organização.

Apesar dos benefícios atribuídos às comunidades terapêuticas, como a estrutura acolhedora e a promoção de um ambiente livre de drogas, o estudo também aponta desafios significativos. Um deles é a existência de CTs não regulamentadas, o que compromete a qualidade do atendimento. Além disso, muitas comunidades ainda carecem de equipes multiprofissionais qualificadas, o que limita a capacidade de lidar com casos mais complexos que exigem acompanhamento especializado. A ausência de critérios padronizados para a admissão e alta dos pacientes também é um ponto crítico.

O artigo conclui que as comunidades terapêuticas representam, sim, uma alternativa válida no tratamento da dependência de substâncias psicoativas, mas ressalta que sua eficácia está diretamente ligada à observância de parâmetros éticos, técnicos e legais. A presença de profissionais capacitados, a supervisão constante e a regulamentação adequada são elementos essenciais para que essas instituições cumpram de forma responsável sua função terapêutica e contribuam efetivamente para a reinserção social dos adictos em recuperação.

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