Alucinações

31/05/2025

Alucinações

Por Raique Almeida

            O artigo representa uma contribuição significativa para a compreensão das alucinações, desafiando concepções tradicionais e propondo uma abordagem mais ampla e fenomenológica do fenômeno.

Gurney inicia sua análise questionando a definição convencional de alucinação como uma percepção sem objeto real, frequentemente associada a uma falsa crença. Ele argumenta que, em muitos casos, os indivíduos que experienciam alucinações estão cientes de que suas percepções não correspondem à realidade externa, como exemplificado no caso de Nicolai. Assim, a falsa crença não é uma característica essencial das alucinações sensoriais, sendo mais apropriado considerá-las como experiências idiossincráticas e não compartilhadas.

A singularidade das alucinações é destacada por Gurney ao observar que, mesmo quando ideias semelhantes surgem em diferentes indivíduos, elas são moldadas pelas experiências e contextos pessoais de cada um. Isso distingue as alucinações de crenças coletivas ou ideias disseminadas socialmente, como aquelas promovidas por líderes de seitas. Embora existam relatos de alucinações compartilhadas, Gurney sugere que esses casos são exceções e não invalidam a natureza intrinsecamente pessoal das alucinações.

Gurney também critica a tendência de reduzir as alucinações a explicações puramente fisiológicas ou patológicas.Ele argumenta que tal abordagem negligencia a complexidade e a diversidade das experiências alucinatórias, que podem ocorrer em contextos não patológicos e não necessariamente indicam disfunção cerebral.Essa perspectiva amplia a compreensão das alucinações, permitindo que sejam estudadas em uma variedade de contextos, incluindo experiências espirituais, estados de transe e fenômenos culturais.

A abordagem de Gurney antecipa discussões contemporâneas sobre a natureza das alucinações, que reconhecem sua ocorrência em indivíduos saudáveis e sua relação com fatores psicológicos, culturais e sociais. Ao enfatizar a necessidade de uma compreensão mais abrangente e menos patologizante das alucinações, Gurney contribui para uma visão mais humanizada e contextualizada do fenômeno.

Em resumo, o artigo de Gurney propõe uma redefinição das alucinações, afastando-se de concepções restritas e patologizantes e promovendo uma abordagem que valoriza a experiência subjetiva e o contexto individual. Essa perspectiva inovadora continua a influenciar estudos sobre o tema, incentivando uma compreensão mais rica e diversificada das alucinações na psicopatologia e nas ciências humanas.

Referência:

GURNEY, Edmund. Alucinações. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 280–317, jun. 2013.

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O artigo propõe uma visão ampliada das alucinações, destacando seu caráter subjetivo e não necessariamente patológico, desafiando definições

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