Morbimortalidade e fatores associados ao óbito em internados por efeitos do álcool e outras drogas
10/06/2025

Por Raique Almeida
O estudo analisou os casos de internação hospitalar causados pelos efeitos do consumo de álcool e outras drogas, com o objetivo de compreender melhor os fatores que levam à morte dessas pessoas durante o período de internação. A pesquisa foi desenvolvida em um hospital universitário localizado na região sul do Brasil, utilizando dados de pacientes internados ao longo de dez anos. Esses pacientes foram acompanhados por um centro especializado no atendimento a casos de intoxicação, e os dados foram coletados a partir dos registros clínicos e da vigilância epidemiológica do hospital.
Os pesquisadores perceberam que a maioria dos internados era formada por homens adultos que apresentavam histórico de uso abusivo de álcool e outras substâncias. Muitos dos pacientes já chegavam ao hospital em estado grave, com sinais de complicações físicas e psicológicas, o que exigia longos períodos de internação. Entre os principais problemas de saúde identificados estavam alterações no sistema digestivo, complicações no fígado, nos rins e problemas cardíacos. Esses fatores, somados ao uso contínuo de substâncias tóxicas, aumentavam o risco de morte durante a hospitalização.
O estudo também apontou que as mortes estavam geralmente ligadas a condições clínicas anteriores, ou seja, muitos pacientes já apresentavam doenças crônicas que se agravavam com o uso constante de álcool e drogas. Isso demonstra a importância de um olhar mais atento dos profissionais de saúde desde o momento da chegada desses pacientes ao hospital. Identificar precocemente os sinais de risco pode fazer toda a diferença no tratamento e no desfecho dos casos, contribuindo para a redução das mortes.
Além disso, os autores do estudo destacam a importância de fortalecer a rede de atenção à saúde, com foco especial em ações preventivas e no acompanhamento das pessoas que fazem uso de substâncias. Políticas públicas mais eficientes, campanhas educativas, acesso facilitado a serviços de saúde mental e programas de reabilitação são medidas que podem ajudar a evitar que os casos cheguem a situações tão graves. Também é fundamental que os serviços de saúde estejam preparados para acolher essas pessoas de forma humanizada, compreendendo que o uso de álcool e drogas muitas vezes está ligado a questões sociais, emocionais e de vulnerabilidade.
Em resumo, o trabalho mostra que o abuso de substâncias pode levar a quadros clínicos graves e até à morte, especialmente quando há falta de acompanhamento adequado. A identificação dos fatores que aumentam o risco de morte é essencial para orientar políticas de saúde e estratégias de cuidado mais eficazes. Ao promover uma atenção mais integrada e sensível às necessidades dessas pessoas, é possível oferecer uma chance real de recuperação e vida digna, evitando que a dependência química leve a desfechos tão trágicos.
Referência:
MORAIS, W. B. S. et al. Morbimortalidade e fatores associados ao óbito em internados por efeitos do álcool e outras drogas. Escola Anna Nery, v. 27, p. 1?8, 2023.