Percepções de famílias de baixa renda sobre o uso de drogas por um de seus membros
02/06/2025
Por Raique Almeida
O artigo tem como objetivo analisar os participantes de um grupo socioeducativo na periferia de uma cidade do interior do Estado de São Paulo. A pesquisa adotou uma abordagem quantitativa, envolvendo 70 pessoas vinculadas aos grupos do Programa de Atenção Integral à Família.
Os resultados indicaram que 67 (95,7%) dos participantes eram casados, com idade média de 37 anos, e a maioria possuía ensino fundamental incompleto, estando desempregada. Além disso, 55 (78,6%) relataram ter um parente que fazia uso de álcool, 52 (74,3%) de cigarro e 23 (32,9%) de alguma droga ilícita. A convivência com indivíduos adictos foi percebida como um problema que gerava sentimentos de ressentimento, mas também de conformismo entre os demais membros do núcleo familiar.
Em contextos de exclusão social, os vínculos afetivos tendem a ser fragilizados, aumentando a vulnerabilidade aos problemas relacionados ao consumo de substâncias psicoativas. A pobreza surge como um dos principais fatores de risco ao desenvolvimento humano, sendo o uso de álcool um dos grandes responsáveis por enfermidades e mortes, especialmente em países menos favorecidos economicamente.
A escuta das vivências e interpretações de quem convive com o problema permite o direcionamento de políticas públicas e estratégias de intervenção mais sensíveis às suas necessidades. Conhecer os sentimentos e as reações diante do uso de substâncias dentro da família pode fortalecer ações de enfrentamento mais efetivas nos territórios marcados pela vulnerabilidade.
Conclui-se que essa realidade é compreendida como um problema significativo, gerando reações ambivalentes. Reforça-se a urgência de políticas públicas que contemplem as especificidades desses grupos sociais, com foco na prevenção e tratamento, respeitando suas realidades e fortalecendo redes de apoio e cuidado.
Referência:
MARTINS, Mayra; SANTOS, Manoel Antonio dos; PILLON, Sandra Cristina. Percepções de famílias de baixa renda sobre o uso de drogas por um de seus membros. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 16, n. 2, p. 293–298, abr. 2008.
