O adolescente e o uso de drogas

23/05/2025

O adolescente e o uso de drogas

Por Raique Almeida

            O artigo aborda o uso de drogas entre adolescentes, um fenômeno complexo e multifatorial que ocorre em uma fase da vida marcada por intensas mudanças físicas, emocionais e sociais. Durante a adolescência, o jovem está em processo de construção de identidade e busca por autonomia e pertencimento, o que pode levá-lo a experimentar substâncias psicoativas. Os autores destacam que o uso de drogas nessa fase é mais frequente do que se imagina e envolve diversas causas, incluindo fatores biológicos, psicológicos e sociais.

Do ponto de vista biológico, o cérebro do adolescente ainda está em desenvolvimento, especialmente nas áreas responsáveis pelo controle dos impulsos e pela tomada de decisões, o que aumenta a vulnerabilidade a comportamentos de risco. O sistema de recompensa cerebral também é mais sensível, fazendo com que os adolescentes busquem mais intensamente experiências prazerosas e imediatas, como o uso de drogas. Psicologicamente, o consumo pode estar relacionado a sentimentos de ansiedade, insegurança, depressão e baixa autoestima, funcionando muitas vezes como uma tentativa de alívio emocional.

As relações familiares têm papel fundamental nesse contexto, pois a presença de um ambiente familiar acolhedor e supervisionado atua como fator de proteção, enquanto famílias desestruturadas, com ausência de diálogo e presença de conflitos, aumentam o risco de uso de substâncias. Além disso, a influência dos pares é muito significativa, pois o desejo de aceitação social pode levar o adolescente a adotar comportamentos de risco, incluindo o consumo de drogas. O contexto social mais amplo, que inclui exclusão social, falta de oportunidades educacionais e profissionais, e violência urbana, também contribui para a vulnerabilidade desses jovens.

O artigo apresenta dados epidemiológicos que indicam que o início do consumo de substâncias como álcool e tabaco ocorre na transição da infância para a adolescência, com prevalência significativa entre os estudantes pesquisados. O uso precoce de drogas está associado a diversas consequências negativas, como prejuízos no desenvolvimento escolar, problemas de saúde física e mental, comportamentos violentos e risco de dependência química, sendo que quanto mais cedo o jovem inicia o consumo, maiores são os impactos e a dificuldade de recuperação.

Os autores destacam a importância de estratégias de prevenção que envolvam não apenas o adolescente, mas também a família, a escola, a comunidade e políticas públicas. Intervenções que promovam habilidades de vida, autoestima e capacidade de resistência à pressão dos pares são consideradas eficazes. O fortalecimento dos vínculos familiares por meio do diálogo aberto e da imposição de limites adequados é igualmente importante para reduzir o risco de uso de drogas. Além disso, políticas públicas que garantam acesso à educação, lazer, inclusão social e serviços de saúde mental são fundamentais para enfrentar o problema.

Para o tratamento, o artigo ressalta que é necessário um enfoque interdisciplinar que aborde o desenvolvimento global do adolescente, modifique o comportamento de uso de substâncias e promova o reajuste das relações familiares e sociais. O cuidado deve ser baseado em uma compreensão ampla da complexidade do fenômeno, evitando discursos moralizantes ou punitivos, e reconhecendo o adolescente como sujeito em formação, capaz de mudança e merecedor de acolhimento e suporte.

Em suma, o artigo enfatiza que o uso de drogas entre adolescentes é uma questão social e de saúde pública que exige ações coordenadas, fundamentadas em pesquisas rigorosas, para garantir a prevenção eficaz, a identificação precoce dos casos e o tratamento adequado, promovendo o bem-estar e a inclusão desses jovens na sociedade.

Referências:

MARQUES, Ana Cecília Petta Roselli; CRUZ, Marcelo S. O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 22, supl. 2, p. 32-36, 2000.

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