Estigma social sobre o uso de álcool

19/05/2025

Estigma social sobre o uso de álcool

Por Telmo Mota Ronzani e Erikson Felipe Furtado

          O artigo apresenta uma análise crítica sobre como o estigma relacionado ao consumo de álcool atua como uma barreira significativa para a prevenção, o tratamento e a reinserção social dos adictos de álcool. A partir de uma abordagem teórica, os autores discutem como o estigma é construído socialmente a partir de julgamentos morais e de estereótipos negativos que desvalorizam o indivíduo, classificando-o como alguém com fraqueza de caráter ou falha moral. Tal percepção contribui para o isolamento social, a exclusão e a dificuldade de acesso a serviços de saúde, especialmente em contextos nos quais o uso de álcool é considerado um problema apenas do indivíduo e não um fenômeno de saúde pública.

A estigmatização, conforme destacado no texto, afeta tanto os adictos quanto os profissionais de saúde, influenciando atitudes e condutas no cuidado prestado. Em serviços de Atenção Primária à Saúde, por exemplo, o estigma pode se manifestar por meio de posturas discriminatórias que desmotivam o adicto a buscar ajuda, perpetuando o ciclo de marginalização. Os autores argumentam que o problema não está apenas no comportamento do adicto, mas também na maneira como a sociedade, os serviços de saúde e os próprios profissionais lidam com o tema, muitas vezes reforçando rótulos negativos em vez de promover acolhimento e cuidado.

O artigo defende que o enfrentamento do estigma deve ser uma prioridade nas políticas públicas de saúde, especialmente nas ações voltadas para o uso de álcool e outras drogas. Para isso, é necessário investir em estratégias que envolvam a educação e sensibilização de profissionais de saúde, com o objetivo de desconstruir preconceitos e promover abordagens mais empáticas e humanizadas. Além disso, os autores ressaltam a importância de compreender as especificidades socioculturais do uso de álcool no Brasil, reconhecendo que diferentes grupos sociais vivenciam o estigma de formas distintas, o que exige respostas mais contextualizadas e inclusivas.

Ao final, os autores concluem que o estigma social é um dos principais obstáculos à efetividade das intervenções em saúde relacionadas ao uso de álcool. Superar esse desafio exige uma mudança de paradigma é preciso substituir o julgamento moral pela compreensão do problema como uma questão complexa de saúde pública, que exige empatia, ciência e compromisso social. Assim, o artigo oferece uma importante contribuição para o debate sobre a construção de políticas e práticas que respeitem os direitos humanos e promovam o cuidado digno às pessoas que fazem uso de álcool.

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