As adicções: de que se trata?

26/06/2025

As adicções: de que se trata?

Por Raique Almeida

            O artigo apresenta uma reflexão abrangente sobre o fenômeno das adicções, destacando sua complexidade e multifatorialidade. As autoras propõem uma compreensão que ultrapassa a visão tradicional, muitas vezes simplista e moralista, que associa a adicção apenas à falta de força de vontade ou ao comportamento desviante. Nesse sentido, o texto enfatiza que as adicções envolvem dimensões biológicas, psicológicas, sociais e culturais, as quais interagem para moldar a experiência e o sofrimento do indivíduo adicto.

A partir de uma perspectiva psicanalítica, o artigo discute a importância de compreender o significado subjetivo do objeto da adicção para cada sujeito, reconhecendo que a relação com a substância ou comportamento viciante tem um papel simbólico e funcional na vida do indivíduo. Essa abordagem permite ir além da simples busca pela abstinência e compreender o que a adicção representa em termos de desejo, angústia e identificação.

As autoras ressaltam que o fenômeno adictivo deve ser analisado também no contexto social, visto que fatores econômicos, culturais e históricos influenciam a disponibilidade e o consumo das substâncias, assim como as condições de vida que levam à vulnerabilidade. O artigo destaca a importância de combater o estigma e o preconceito que ainda permeiam as pessoas que enfrentam a dependência, pois essas atitudes dificultam o acesso ao tratamento adequado e agravam o isolamento social dos adictos.

Além disso, as autoras argumentam que as intervenções eficazes precisam ser integradas, considerando não apenas a dimensão biológica da doença, mas também o apoio psicológico, social e comunitário. A necessidade de um trabalho interdisciplinar que abranja diferentes saberes é ressaltada como fundamental para a construção de estratégias terapêuticas que respeitem a singularidade de cada indivíduo e promovam a reinserção social.

O artigo ainda destaca o papel da psicanálise, que permite acessar os aspectos inconscientes e simbólicos da adicção, oferecendo uma escuta que pode contribuir para a compreensão profunda do sofrimento e para a elaboração de novas formas de lidar com o desejo e a compulsão. Em suma, as autoras defendem uma abordagem ampla e humanizada das adicções, que reconheça a complexidade do fenômeno, os contextos sociais envolvidos e a importância do sujeito na sua singularidade, promovendo um olhar que vá além da doença e da punição, em direção à possibilidade de transformação e recuperação.

Referência:

VIANNA, Alexandra de Gouvêa; JESUS, Ariadne Fantesia de; FREITAS, Yago Pereira de. As adicções: de que se trata? Analytica: Revista de Psicanálise, São João del Rei, v. 6, n. 10, jan./jun. 2017.

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