Os desafios da abstinência da maconha e a convivência com colegas adictos no ambiente de trabalho

29/05/2025

Os desafios da abstinência da maconha e a convivência com colegas adictos no ambiente de trabalho

Por Raique Almeida

            A maconha é uma das substâncias psicoativas mais consumidas no mundo, sendo frequentemente associada a uma falsa ideia de inofensividade. No entanto, diversos estudos indicam que seu uso continuado pode levar à dependência, gerando alterações significativas no comportamento, no humor e na produtividade dos indivíduos (CARLINI et al., 2010). A síndrome de abstinência da maconha, embora menos intensa do que a de substâncias como o álcool ou a cocaína, ainda representa um desafio relevante, especialmente no ambiente de trabalho.

A abstinência da maconha pode manifestar-se através de sintomas como irritabilidade, insônia, ansiedade, perda de apetite, dificuldade de concentração e alterações de humor. Tais sintomas podem durar de alguns dias até semanas, variando conforme o grau de dependência do indivíduo e o tempo de uso contínuo (NIDA, 2020). Para o trabalhador que busca a recuperação e se propõe a interromper o uso da substância, o processo de abstinência pode afetar diretamente sua capacidade de desempenho profissional, exigindo apoio e compreensão, mas também limites claros.

Por outro lado, trabalhar com um colega que faz uso frequente de maconha pode ser um desafio significativo. Os efeitos agudos da substância, como lentidão cognitiva, desatenção, lapsos de memória e alterações de julgamento, comprometem o rendimento da equipe e aumentam o risco de erros, especialmente em funções que exigem concentração e responsabilidade. Além disso, o comportamento errático ou desmotivado de um colega sob influência constante pode gerar tensões interpessoais, prejudicando a harmonia no ambiente de trabalho.

A situação torna-se ainda mais delicada quando o colaborador não reconhece sua condição de dependência e nega a necessidade de tratamento. O estigma social e a banalização do uso da maconha contribuem para a resistência em buscar ajuda, dificultando a atuação de colegas e gestores. Assim, o desafio não se limita apenas ao convívio, mas estende-se à construção de um ambiente profissional saudável e produtivo, que também preserve os limites éticos e legais da relação de trabalho.

Cabe às instituições adotarem políticas claras sobre o uso de substâncias psicoativas, aliando ações preventivas, como palestras educativas, com medidas de apoio, como programas de saúde ocupacional e encaminhamento para tratamento quando necessário. O papel dos colegas de trabalho, embora limitado, pode ser de incentivo ao cuidado e ao diálogo respeitoso, sempre que possível.

Em suma, tanto a abstinência da maconha quanto o convívio com colegas adictos representam realidades complexas que exigem sensibilidade, informação e postura firme. O equilíbrio entre empatia e profissionalismo é essencial para preservar a saúde mental dos envolvidos e garantir um ambiente de trabalho funcional e ético.

Referências

CARLINI, E. A. et al. II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD). São Paulo: UNIFESP, 2010.

NIDA – Instituto Nacional sobre o Abuso de Drogas. Relatório de Pesquisa sobre a Maconha: Quais são os sintomas de abstinência da maconha? 2020.

Blog

Informações sobre prevenção, tratamento e recuperação da dependência química e alcoolismo

Este site usa cookies do Google para fornecer serviços e analisar tráfego.Saiba mais.