O padrão de uso de drogas por grupos em diferentes fases de tratamento no (CAPS-AD)

16/06/2025

O padrão de uso de drogas por grupos em diferentes fases de tratamento no (CAPS-AD)

Por Raique Almeida

            O estudo investigou os diferentes padrões de consumo de substâncias psicoativas entre pessoas atendidos nos CAPS-AD, considerando-se as distintas fases do tratamento em que se encontravam. O objetivo da pesquisa foi compreender como o perfil de uso se modifica ao longo do processo terapêutico e quais substâncias são mais prevalentes em cada etapa, contribuindo para o aprimoramento das estratégias de intervenção psicossocial. Para isso, foram analisadas informações de prontuários de pessoas em tratamento em dois CAPS-AD localizados na cidade do Rio de Janeiro. A amostra foi composta por 126 sujeitos, distribuídos em três grupos, acolhimento (início do tratamento), adesão (fase intermediária) e reinserção social (fase avançada), com base em critérios clínicos e administrativos estabelecidos pelas equipes dos serviços.

Os resultados evidenciaram diferenças significativas nos padrões de uso entre os grupos analisados. No grupo em fase de acolhimento, observou-se maior prevalência do uso de múltiplas drogas, com destaque para o consumo intenso de álcool, cocaína e crack. Esse grupo também apresentou indicadores mais elevados de vulnerabilidade social, incluindo situação de rua, desemprego e ausência de vínculos familiares. Na fase de adesão, ainda que o uso de substâncias permanecesse presente, houve uma leve redução na frequência de consumo e um início de reorganização dos aspectos psicossociais dessas pessoas. Já na fase de reinserção social, os sujeitos apresentaram um padrão de uso mais controlado, associado à maior adesão às atividades terapêuticas, ao fortalecimento dos vínculos familiares e sociais e à inserção em redes de suporte, como programas de geração de renda ou educação. Tais achados confirmam que o processo de tratamento é gradual e que as mudanças nos padrões de consumo estão fortemente relacionadas às condições subjetivas e sociais dos indivíduos, bem como à estrutura de cuidado oferecida pelas unidades CAPS-AD.

A pesquisa destaca a importância da abordagem individualizada e contínua nos serviços de saúde mental voltados ao tratamento da dependência química, enfatizando que intervenções mais eficazes são aquelas que consideram o estágio terapêutico em que cada pessoa se encontre. Além disso, o estudo sugere que estratégias integradas, que combinem cuidados clínicos, suporte social e promoção de cidadania, são fundamentais para a consolidação da recuperação. A partir dessas evidências, os autores concluem que os CAPS-AD desempenham um papel crucial na redução dos danos e na reconstrução dos projetos de vida das pessoas, desde que estruturados para oferecer acompanhamento em longo prazo e articulação com outras políticas públicas. Assim, o artigo contribui para o fortalecimento das práticas de atenção psicossocial no campo das drogas e para a construção de uma política de saúde mais inclusiva e humanizada.

Referência:

OLIVEIRA, Maria Luiza Pereira. O padrão de uso de drogas por grupos em diferentes fases de tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD). Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 64, n. 3, p. 213–219, jul./set. 2015.

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