Parar de Fumar: Desafios da Abstinência e Caminhos para Superar a Dependência
19/04/2025

Por Raique Almeida
Parar de fumar realmente não é uma tarefa fácil. Enfrentar os sintomas de abstinência pode ser bastante desafiador, principalmente quando a decisão de parar é tomada sem apoio profissional ou sem o uso de medicamentos que possam aliviar esses desconfortos.
É importante lembrar que os sintomas de abstinência variam bastante de pessoa para pessoa. Tudo depende do grau de dependência, da quantidade de cigarros fumados por dia e do intervalo entre um cigarro e outro. O corpo de uma pessoa dependente aprende exatamente o padrão de consumo. Por exemplo, se alguém fuma a cada 10 minutos, ao parar, o organismo provavelmente vai "pedir" nicotina nesse mesmo intervalo. Da mesma forma, quem tem o hábito de fumar logo ao acordar provavelmente vai sentir essa necessidade ao levantar.
Os sintomas de abstinência mais comuns são dor de cabeça, aumento do apetite, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade, alterações no sono, tristeza e até mesmo sintomas de depressão. Esses sintomas, se não forem bem manejados, podem afetar bastante a qualidade de vida, o trabalho, o sono e os relacionamentos. Por isso, o uso de medicamentos pode ser um grande aliado nesse momento, ajudando a tornar esse processo menos penoso.
A boa notícia é que esses sintomas não duram para sempre. São reações passageiras e, em geral, desaparecem em algumas semanas, no máximo em um mês. Normalmente, os primeiros sintomas aparecem poucas horas após o último cigarro, mas em alguns casos podem demorar até 48 horas para surgir.
A primeira semana é, geralmente, a mais difícil. O corpo está começando a se ajustar à ausência da nicotina e precisa reaprender a funcionar sem ela. Mesmo sendo desconfortável, é importante entender que a síndrome de abstinência é um sinal de que o corpo está se desintoxicando e voltando ao seu funcionamento normal.
A dependência psicológica, que também é muito forte, tende a diminuir ao longo dos primeiros trinta dias, com uma melhora ainda mais perceptível até o terceiro mês. No entanto, o sintoma mais intenso e difícil de lidar é a fissura, que é aquele desejo súbito e intenso de fumar. A boa notícia é que, mesmo parecendo insuportável, cada episódio de fissura costuma durar no máximo cinco minutos. E, com o tempo, essa sensação vai perdendo força.
Algumas atitudes podem ajudar bastante a lidar com esses momentos. É importante evitar situações, emoções e comportamentos que antes estavam associados ao hábito de fumar, como tomar café ou consumir bebidas alcoólicas, pois isso pode reativar memórias e sensações ligadas ao cigarro. Também é fundamental retirar de casa tudo que remeta ao ato de fumar, como cigarros, isqueiros e cinzeiros.
Manter uma rotina com atividades físicas e uma alimentação equilibrada ajuda a reduzir a ansiedade e a aumentar a sensação de bem-estar. Algumas pessoas também se beneficiam de mastigar folhas de hortelã ou gengibre, que ajudam a cortar a vontade de fumar. E, sempre que a vontade surgir, vale a pena lembrar dos benefícios dessa escolha: no curto prazo, você vai perceber melhorias no paladar, no olfato, na pele e na respiração. No longo prazo, vai reduzir significativamente o risco de doenças respiratórias, câncer e problemas cardíacos, como o infarto.
Referências:
Instituto Nacional de Câncer (INCA) Título: Tabagismo: Abordagem e Tratamento
Ministério da Saúde – Brasil Título: Programa Nacional de Controle do Tabagismo
Associação Médica Brasileira (AMB) Título: Diretrizes para o Tratamento do Tabagismo