Drogas Psicoativas: classificação e bulário das principais drogas de abuso
11/05/2025

Por Sergio Alarcon
O artigo publicado na obra Álcool e Outras Drogas: diálogos sobre um mal-estar contemporâneo (Editora Fiocruz, 2012), oferece uma análise abrangente das substâncias psicoativas, destacando sua classificação farmacológica e os principais efeitos associados ao uso abusivo. A proposta do autor é apresentar uma visão clara e acessível sobre o funcionamento dessas substâncias no organismo, além de abordar questões sociais, legais e de saúde pública relacionadas ao consumo.
Alarcon organiza as drogas psicoativas de acordo com seus efeitos no sistema nervoso central (SNC), apontando três grandes categorias as que deprimem a atividade cerebral, as que a estimulam e aquelas que provocam alterações perceptivas. Os depressores do SNC, como o álcool, os benzodiazepínicos, os barbitúricos, os opiáceos (como a heroína e a morfina) e os solventes inalantes, tendem a provocar efeitos de sedação, relaxamento e, em casos mais graves, perda de consciência. Já os estimulantes, como a cocaína, as anfetaminas, a nicotina e a cafeína, aumentam a atividade cerebral, gerando sensação de alerta, energia e euforia. Por fim, os perturbadores do SNC, entre eles o LSD, a psilocibina, a mescalina e, em doses elevadas, a maconha, provocam distorções sensoriais e perceptivas, podendo causar alucinações e estados de confusão mental.
No segundo momento do capítulo, o autor apresenta um "bulário" das principais drogas de abuso, um tipo de fichário técnico com informações essenciais sobre cada substância. São detalhados seus nomes (científicos e populares), mecanismos de ação no cérebro, os efeitos desejados pelos usuários, os riscos e reações adversas, além de observações sobre sua legalidade no Brasil. Esse conteúdo permite uma compreensão objetiva dos riscos envolvidos, ao mesmo tempo em que fornece subsídios para práticas clínicas e educativas.
Ao longo do texto, Alarcon propõe uma leitura crítica do fenômeno das drogas, chamando atenção para os limites de abordagens moralistas ou repressivas. Segundo ele, o estigma associado ao uso dificulta o acesso ao cuidado e torna ineficaz a formulação de políticas públicas baseadas em evidências. A construção de uma política de drogas mais eficaz exigiria, portanto, uma mudança de paradigma menos criminalização e mais investimento em prevenção, tratamento e redução de danos.
O capítulo, com linguagem clara e embasamento técnico, se revela um instrumento valioso para profissionais da saúde, educadores, assistentes sociais e formuladores de políticas públicas. Ao apresentar tanto a classificação quanto os efeitos das drogas de forma sistemática, Alarcon contribui para ampliar a compreensão do tema e convida a sociedade a adotar uma postura mais humanizada e científica diante da questão do uso de substâncias psicoativas.