Índice de Consumo de Drogas entre as Gerações Y e Z: Uma Análise Comparativa

18/07/2025

Índice de Consumo de Drogas entre as Gerações Y e Z: Uma Análise Comparativa

Por Raique Almeida

            Nas últimas décadas, o consumo de substâncias psicoativas tem se mantido como uma das principais preocupações em saúde pública, especialmente entre os jovens. As gerações Y (nascidos entre 1981 e 1996) e Z (nascidos entre 1997 e 2012) compartilham o contexto da globalização, da conectividade digital e das transformações sociais, mas apresentam padrões distintos de comportamento em relação ao uso de drogas. A comparação entre essas duas gerações revela mudanças significativas nos índices de consumo, tipos de substâncias preferidas e motivações para o uso, exigindo novas abordagens de prevenção e cuidado.

            Estudos indicam que a geração Y apresentou, ao longo da juventude, altos índices de consumo de álcool, tabaco e maconha, influenciada por uma cultura de socialização presencial e menor acesso à informação sobre os riscos do uso abusivo. De acordo com Carlini. (2010), o álcool era a substância mais utilizada por essa geração, com início precoce do uso e consumo excessivo em festas e ambientes universitários. O uso era, em grande parte, associado ao pertencimento social e ao prazer, sem uma percepção clara dos danos à saúde.

            Já a geração Z demonstra padrões mais complexos. Embora haja indícios de redução no consumo de álcool e tabaco tradicional, observa-se o crescimento do uso de novas substâncias psicoativas, como os vapes com nicotina, ansiolíticos prescritos sem acompanhamento médico e drogas sintéticas em contextos recreativos (Silva; Oliveira, 2021). Além disso, há uma intensificação do uso de medicamentos com fins de desempenho cognitivo, como metilfenidato e modafinil, especialmente entre estudantes e jovens profissionais, motivados pela pressão por produtividade e resultados (Teixeira. 2022).

            Outro fator relevante é a forma como cada geração lida com a saúde mental. Enquanto a geração Y cresceu em um contexto de tabu e silêncio sobre o sofrimento psíquico, a geração Z tende a ser mais aberta sobre questões emocionais, o que pode levar tanto a um maior autocuidado quanto à automedicação. Segundo Moura e Rabelo (2020), essa ambivalência representa um desafio se por um lado o discurso da saúde mental se popularizou, por outro aumentou a medicalização precoce de questões emocionais, muitas vezes sem acompanhamento terapêutico adequado.

            A influência das redes sociais também é marcante. Para a geração Z, a exposição constante a padrões de comportamento, estéticas e experiências nas plataformas digitais contribui para o aumento da ansiedade e para a busca de alívio por meio de substâncias. Diferentemente da geração anterior, mais focada na experiência presencial, a geração Z é moldada por interações virtuais que, muitas vezes, reforçam sentimentos de inadequação e solidão (Bauman, 2013).

            Dessa forma, a comparação entre as gerações Y e Z em relação ao consumo de drogas revela uma transição nas formas, contextos e motivações do uso. A geração Y foi marcada pelo consumo social e recreativo tradicional, enquanto a geração Z apresenta um perfil mais híbrido, que combina uso recreativo, automedicação e busca por desempenho. Compreender essas nuances é fundamental para a formulação de políticas públicas eficazes e campanhas preventivas adaptadas às realidades geracionais, considerando não apenas o tipo de substância, mas também os fatores psicossociais que influenciam o uso.

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

CARLINI, Elisaldo. VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras. Brasília: SENAD, 2010.

MOURA, Yana; RABELO, Isabela. Medicalização e juventudes: experiências de uso de psicofármacos na contemporaneidade. Revista Psicologia: Teoria e Prática, v. 22, n. 3, p. 12–27, 2020.

SILVA, Andréa; OLIVEIRA, Danilo. O uso de substâncias psicoativas entre jovens da geração Z: um olhar sobre práticas contemporâneas. Revista de Saúde e Sociedade, v. 30, n. 2, p. 781–790, 2021.

TEIXEIRA, João. Drogas acadêmicas e o culto à performance: um estudo sobre o uso de psicoestimulantes por universitários. Cadernos de Saúde Pública, v. 38, n. 4, p. 1–10, 2022.

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