Drogas Sintéticas: A Nova Epidemia Silenciosa no Brasil

Por Raique Almeida

            A edição do Fantástico exibida no dia 18 de maio de 2025 trouxe uma reportagem de grande impacto sobre a expansão das drogas sintéticas no Brasil, revelando uma realidade alarmante que exige atenção urgente das autoridades e da sociedade. O programa destacou como essas substâncias vêm se tornando cada vez mais comuns, especialmente entre jovens, e apontou o crescimento do mercado ilegal que envolve compostos extremamente potentes e perigosos, muitos dos quais ainda são pouco conhecidos até mesmo por profissionais da saúde.

A reportagem revelou que, em apenas um ano, mais de 30 novas drogas sintéticas foram identificadas pela Polícia Federal circulando no território nacional. Esses entorpecentes são produzidos em laboratórios clandestinos, muitas vezes com matérias-primas importadas e fórmulas criadas para burlar a legislação. São substâncias vendidas como se fossem ecstasy ou LSD, mas que possuem composições químicas distintas e efeitos muito mais imprevisíveis. O uso dessas drogas pode provocar alucinações severas, surtos psicóticos, convulsões e até a morte, mesmo em doses pequenas.

Um dos casos mais emblemáticos apresentados foi o de um químico brasileiro que se inspirou na série norte-americana "Breaking Bad" para fabricar metanfetamina. Essa referência à cultura pop torna ainda mais chocante o fato de que a ficção tem influenciado práticas criminosas no mundo real. O personagem criado na série, que usava seus conhecimentos acadêmicos para produzir drogas, serviu de modelo para alguém que decidiu trilhar um caminho semelhante, com impactos devastadores para a saúde pública.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em resposta à proliferação dessas substâncias, anunciou recentemente a inclusão de 21 novos compostos na lista de entorpecentes proibidos no Brasil. No entanto, a matéria do Fantástico deixou claro que o ritmo com que novas drogas são criadas supera a capacidade de resposta dos órgãos reguladores. Isso cria um ciclo perigoso em que substâncias letais continuam sendo vendidas como produtos “legais”, explorando lacunas na legislação e na fiscalização.

Outro aspecto abordado foi o uso dessas drogas em festas e raves, onde muitas vezes os usuários não têm ideia do que estão consumindo. O apelo visual das pílulas coloridas, o formato diferenciado dos comprimidos e os nomes chamativos mascaram os riscos que essas substâncias representam. Jovens, muitas vezes em busca de experiências novas ou de uma sensação de euforia, tornam-se vítimas de compostos criados com fins exclusivamente lucrativos, sem qualquer preocupação com os efeitos à saúde física e mental.

A reportagem do Fantástico serviu como um importante alerta para a sociedade brasileira. O avanço das drogas sintéticas no país não é apenas um problema de segurança pública, mas também uma grave crise de saúde. Enfrentá-la requer mais do que repressão policial: é preciso ampliar o debate, investir em educação preventiva, fortalecer os sistemas de saúde e assistência social, além de atualizar constantemente a legislação para acompanhar a velocidade com que esse mercado ilegal se transforma. O jornalismo, ao expor essa realidade de forma clara e acessível, cumpre um papel fundamental na conscientização e na mobilização da sociedade diante de uma ameaça crescente.

Referências:

TV Globo. (2025, 18 de maio). Fantástico: Mercado de drogas sintéticas cresce no Brasil e preocupa autoridades.

R7. (2025, 28 de fevereiro). Em expansão no Brasil, mercado de drogas sintéticas tem 30 novas substâncias circulando no país. Jornal da Record.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2025, março). Anvisa atualiza lista de substâncias controladas e inclui 21 novas drogas sintéticas.

G1. (2025, 19 de maio). Inspiração em Breaking Bad: brasileiro preso por fabricar metanfetamina diz que aprendeu vendo série.