Formas não habituais de uso do tabaco
03/07/2025

Por Raique Almeida
O artigo aborda os diferentes métodos alternativos de consumo do tabaco que fogem ao tradicional uso de cigarros industrializados. A revisão tem como foco as implicações dessas formas menos convencionais de consumo, destacando que, embora muitas vezes sejam percebidas como menos nocivas, essas práticas apresentam riscos significativos à saúde, especialmente para o sistema respiratório. Dentre essas formas, o autor menciona o uso de narguilé, charuto, cigarrilhas, cachimbo, rapé e tabaco mascado, cada um com características próprias, mas todos com potencial de causar dependência e diversas doenças.
No caso do narguilé, por exemplo, amplamente utilizado por jovens em ambientes sociais, existe a falsa percepção de que o filtro de água diminui os danos, o que não condiz com a realidade científica. Estudos citados no artigo demonstram que uma sessão de narguilé pode expor o usuário a quantidades de nicotina e monóxido de carbono superiores às de um cigarro comum. Charutos e cachimbos, apesar de muitas vezes não serem tragados diretamente, também liberam substâncias tóxicas que afetam tanto o fumante quanto aqueles ao seu redor. Além disso, essas formas de consumo geralmente envolvem um tempo prolongado de exposição à fumaça, o que amplia os danos ao trato respiratório e cardiovascular.
O autor ressalta ainda que o uso de tabaco por via oral, como o rapé e o tabaco mascado, não elimina os riscos, sendo ambos associados a cânceres de boca, esôfago e outras complicações orais. Em termos de saúde pública, o artigo alerta para a necessidade de maior conscientização sobre os riscos desses métodos, pois há uma tendência de subestimar seus efeitos, tanto por parte da população quanto por profissionais de saúde. Essa subestimação contribui para a adesão e manutenção do uso, sobretudo entre adolescentes e jovens adultos, o que pode representar uma porta de entrada para o consumo regular de nicotina.
Viegas conclui enfatizando que todas as formas de uso do tabaco são prejudiciais e que estratégias de prevenção e cessação devem abranger não apenas o cigarro, mas também essas modalidades alternativas. A atuação dos profissionais de saúde é crucial no sentido de fornecer informações baseadas em evidências, promovendo o abandono do tabagismo em todas as suas formas. O artigo contribui significativamente para ampliar a compreensão sobre o impacto do tabaco na saúde respiratória, reforçando a urgência de políticas públicas mais amplas e campanhas educativas eficazes frente às novas tendências de consumo.
Referência:
VIEGAS, Carlos Alberto de Assis. Formas não habituais de uso do tabaco. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, v. 34, n. 12, p. 1069-1073, dez. 2008.