Impacto do Uso de Crack na Incidência de Tuberculose em Pacientes Vulneráveis

07/06/2025

Impacto do Uso de Crack na Incidência de Tuberculose em Pacientes Vulneráveis

Por Raique Almeida

            O estudo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo no Hospital Leonor Mendes de Barros, situado em Campos do Jordão, revelou uma preocupante associação entre novos casos de tuberculose e o uso de crack. A unidade, especializada no tratamento da doença, observou que todos os pacientes internados apresentavam histórico de dependência da substância. Com o apoio da equipe de Saúde Mental da Secretaria, foi realizada uma pesquisa por amostragem com trinta dos cem pacientes internados, utilizando um questionário com perguntas relacionadas aos hábitos e sintomas ligados ao consumo da droga. Os resultados evidenciaram que todos os entrevistados mostraram indícios claros de envolvimento com o crack, confirmando a relação entre o uso da substância e a fragilidade no combate à tuberculose.

Antes dessa investigação formal, o hospital já havia adotado medidas internas para identificar pacientes com comportamentos suspeitos de uso da droga, solicitando que a equipe técnica relatasse sinais como sintomas de abstinência e evasões da unidade. Os relatos reforçaram a suspeita generalizada de envolvimento com o crack. A partir dessas observações, foi possível delinear um perfil comum entre os pacientes, marcado por hábitos nocivos à saúde, alimentação precária, condições de moradia insalubres e abandono frequente do tratamento.

De acordo com Sérgio Tamai, coordenador de Saúde Mental da Secretaria, o uso de crack agrava não apenas a condição física do adicto, tornando-o mais vulnerável à tuberculose, mas também compromete a eficácia do tratamento, que exige regularidade e disciplina no uso de antibióticos. Ele alerta ainda para os riscos de disseminação de bactérias resistentes, sobretudo em um contexto onde pacientes imunossuprimidos, como os transplantados, podem ser diretamente afetados pelas falhas terapêuticas causadas pela descontinuidade do tratamento.

O reaparecimento da tuberculose, que nos anos 1980 já havia se intensificado devido à epidemia de HIV, agora encontra novo terreno fértil entre os adictos. Diante disso, a Secretaria planeja implementar um núcleo de atendimento multidisciplinar no próprio hospital, com o intuito de integrar o tratamento da tuberculose ao cuidado com a saúde mental e o combate à dependência química. A proposta inclui a presença de psicólogos e assistentes sociais, a fim de promover uma abordagem mais ampla e efetiva diante da complexidade desses casos. A pesquisa, portanto, não apenas revela um cenário alarmante, mas também serve como base concreta para políticas públicas que visem o enfrentamento simultâneo da tuberculose e do vício em crack.

Referências:

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Saúde. Estudo vincula novos casos de tuberculose à dependência de crack. Publicado por Assessoria de Imprensa, 19 abr. 2012.

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