Impactos Fisiológicos do Uso Prolongado de MDMA (Ecstasy) no Organismo Humano

28/07/2025

Impactos Fisiológicos do Uso Prolongado de MDMA (Ecstasy) no Organismo Humano

Por Raique Almeida

            O MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina), mais conhecido como ecstasy, é uma droga sintética com efeitos estimulantes e alucinógenos, frequentemente utilizada em ambientes recreativos por seu potencial de promover sensações de empatia, euforia e aumento da energia. Apesar de seus efeitos prazerosos momentâneos, o uso contínuo da substância tem se mostrado altamente prejudicial à saúde humana, provocando danos a diversos sistemas do corpo, especialmente o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular e o fígado.

            A principal ação do MDMA ocorre por meio do aumento acentuado da liberação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. Esse aumento abrupto, quando repetido com frequência, pode levar à neurotoxicidade, principalmente nos neurônios serotoninérgicos. Segundo Andrade. (2017), a exposição prolongada ao ecstasy provoca alterações permanentes no humor, na memória e na capacidade cognitiva dos usuários, além de contribuir para quadros depressivos e ansiosos mesmo após a interrupção do consumo.

            No sistema cardiovascular, o MDMA causa elevação da pressão arterial, taquicardia e risco aumentado de arritmias. De acordo com Silva e Moreira (2020), esses efeitos podem culminar em complicações cardíacas graves, principalmente em indivíduos com predisposição a doenças cardiovasculares. A hipertermia, outro efeito comum, aumenta o risco de rabdomiólise e lesão renal aguda, especialmente em contextos de uso combinados com esforço físico intenso e ambiente quente, como em festas.

            O fígado também é severamente impactado pelo uso crônico de ecstasy. Estudos relatam casos de hepatite tóxica, colestase e até mesmo falência hepática fulminante. Pereira. (2016) alertam que o fígado é sobrecarregado pelo metabolismo da substância, o que pode desencadear processos inflamatórios e necrose hepática, sobretudo quando associado ao uso de outras substâncias ou ao consumo excessivo.

            Além dos prejuízos físicos, o uso prolongado do MDMA também favorece comportamentos de risco, como relações sexuais desprotegidas, aumentando a exposição a infecções sexualmente transmissíveis. Os danos sociais, familiares e emocionais provocados pela dependência também se tornam evidentes com o tempo, exigindo intervenções multidisciplinares e estratégias de acolhimento e tratamento adequadas.

            Portanto, os efeitos do uso prolongado de ecstasy são amplos e potencialmente irreversíveis, comprometendo gravemente a saúde física e mental dos usuários. A prevenção, aliada a campanhas educativas e ao acesso ao tratamento especializado, é essencial para conter os impactos dessa substância entre os jovens. Conforme destaca Andrade. (2017), é necessário compreender que o prazer imediato proporcionado pelo MDMA esconde sérios riscos à saúde que se acumulam de forma silenciosa e progressiva.

Referências

ANDRADE, T. S. Efeitos neuropsicológicos do uso prolongado de ecstasy (MDMA): uma revisão. Revista Brasileira de Toxicologia, v. 30, n. 2, p. 175–182, 2017.

PEREIRA, A. C.; COSTA, D. M.; MORAES, R. M. Complicações hepáticas associadas ao uso de MDMA (ecstasy): uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Hepatologia, v. 18, n. 1, p. 44–51, 2016.

SILVA, L. F.; MOREIRA, A. A. Efeitos cardiovasculares do MDMA: implicações clínicas do uso recreativo. Revista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, v. 38, n. 3, p. 212–218, 2020.

Blog

Informações sobre prevenção, tratamento e recuperação da dependência química e alcoolismo

Este site usa cookies do Google para fornecer serviços e analisar tráfego.Saiba mais.