Manutenção da Saúde Mental no Processo de Recuperação das Drogas

Por Raique Almeida

            O processo de recuperação da dependência química não se limita à interrupção do uso de substâncias psicoativas; envolve uma reestruturação integral da vida da pessoa, na qual a manutenção da saúde mental desempenha papel central. A dependência, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2019), é um transtorno crônico e multifatorial que afeta não apenas o corpo, mas também a mente, exigindo estratégias contínuas de cuidado e prevenção de recaídas.

            A recuperação requer o fortalecimento de aspectos emocionais e psicológicos, já que muitas vezes o uso de drogas está associado a fatores como traumas, transtornos de ansiedade, depressão ou dificuldades socioeconômicas (MARLATT; DONOVAN, 2005). Intervenções psicoterapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), são eficazes para identificar gatilhos, modificar padrões de pensamento e promover habilidades de enfrentamento saudáveis.

            Além disso, práticas de autocuidado e promoção da saúde mental, como exercícios físicos, alimentação equilibrada, meditação, espiritualidade e construção de vínculos sociais positivos, funcionam como pilares para a reinserção social. Grupos de apoio, como os Narcóticos Anônimos, oferecem um ambiente seguro para a troca de experiências e o fortalecimento da motivação.

            Manter a saúde mental na recuperação é um processo contínuo, que exige acompanhamento profissional, rede de apoio e autocompaixão. Mais do que evitar a recaída, trata-se de construir um projeto de vida sustentável e significativo, onde a sobriedade seja parte de um equilíbrio emocional duradouro.

Referências

MARLATT, G. Alan; DONOVAN, Dennis M. Prevenção de Recaída: Estratégias de Manutenção no Tratamento de Comportamentos Aditivos. Porto Alegre: Artmed, 2005.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Doenças - CID-11. Genebra: OMS, 2019.