Alimentação Saudável na Recuperação da Dependência Química
04/07/2025

Por Raique Almeida
A recuperação da dependência química exige cuidados que vão muito além da abstinência. É um processo multidimensional que envolve corpo, mente e espírito. Nesse percurso, a alimentação saudável desempenha um papel fundamental na restauração da saúde física e no equilíbrio emocional dos indivíduos em tratamento.
O uso prolongado de substâncias psicoativas compromete diversos sistemas do organismo, como o fígado, o sistema nervoso central e o trato gastrointestinal. Além disso, é comum que pessoas em uso abusivo de drogas apresentem deficiências nutricionais severas, perda de apetite, desidratação e baixa imunidade (Javorski et al., 2017). A reintrodução de uma alimentação equilibrada ajuda a reparar esses danos e a recuperar funções essenciais do organismo.
Nutrientes como triptofano, magnésio, ômega-3, vitaminas do complexo B e antioxidantes estão associados à melhora do humor, redução da ansiedade e equilíbrio neuroquímico aspectos essenciais no tratamento da dependência química (Volpe et al., 2014). Alimentos integrais, frutas, legumes, oleaginosas, cereais e proteínas magras devem fazer parte da rotina alimentar, contribuindo para estabilizar o metabolismo e prevenir recaídas.
Além dos benefícios fisiológicos, a reeducação alimentar oferece uma oportunidade de autocuidado e reorganização de hábitos de vida, fortalecendo a autoestima e o senso de controle dos pacientes. Em muitas clínicas terapêuticas, a introdução de práticas como hortas comunitárias e oficinas culinárias tem sido uma ferramenta eficaz de reintegração social e construção de novos vínculos com o próprio corpo e com os alimentos.
Promover uma alimentação saudável é, portanto, uma estratégia terapêutica essencial e complementar ao tratamento psicológico, social e espiritual da dependência química. Cuidar do que se come é também uma forma de reafirmar o desejo de viver com mais equilíbrio, saúde e dignidade.
Referências:
Javorski, M., Moreschi, C., Santos, M. A., & Costa, M. C. (2017). O uso de drogas e suas repercussões na saúde: revisão integrativa. Revista de Enfermagem da UFSM, 7(3), 510-522.
Volpe, F. M., Del-Rio, F. J., & Henriques, T. P. (2014). Nutrição e transtornos psiquiátricos: revisão narrativa da literatura. Revista Brasileira de Medicina, 71(11), 435-440.
Nunes, R. S., & Silva, J. A. (2020). Alimentação e saúde mental: conexões entre nutrientes e bem-estar. Revista Psicologia e Saúde, 12(2), 95-108.