Influência do tabagismo em doenças peri-implantares

Por Raique Almeida

            O artigo discute de forma aprofundada os efeitos do tabagismo sobre os tecidos peri-implantares e o risco aumentado para o desenvolvimento de doenças associadas a implantes dentários. As autoras destacam que o sucesso dos implantes osseointegrados está diretamente relacionado à manutenção da saúde dos tecidos ao redor do implante, sendo o tabaco um fator prejudicial significativo nesse contexto. A revisão da literatura apresentada no artigo evidencia que o fumo interfere negativamente nos mecanismos de cicatrização, reduz o fluxo sanguíneo local e altera a resposta imunológica, tornando os tecidos peri-implantares mais suscetíveis a processos inflamatórios e infecciosos, como a mucosite peri-implantar e, principalmente, a peri-implantite.

O artigo aponta que fumantes apresentam maiores índices de perda óssea marginal, além de maior acúmulo de biofilme e profundidade de sondagem, o que contribui para a progressão da destruição tecidual. Estudos analisados pelas autoras demonstram que a prevalência de peri-implantite é significativamente mais alta em pacientes fumantes em comparação com os não fumantes. Além disso, o tabagismo compromete a integração inicial do implante ao osso e influencia negativamente a estabilidade a longo prazo. Ainda que outras variáveis, como higiene bucal e histórico de periodontite, também desempenhem papel importante no desenvolvimento dessas doenças, o tabagismo é apontado como um fator de risco independente e relevante.

Dessa forma, o trabalho reforça a importância de uma abordagem preventiva e educativa com os pacientes candidatos à reabilitação com implantes dentários, destacando a cessação do tabagismo como uma medida essencial para o sucesso do tratamento. As autoras concluem que a presença do hábito de fumar deve ser considerada com cautela no planejamento implantodôntico, recomendando acompanhamento rigoroso e estratégias de controle da inflamação para minimizar os efeitos deletérios do tabaco. A revisão evidencia, portanto, que o tabagismo tem influência direta na saúde peri-implantar e compromete a longevidade dos implantes dentários, sendo um fator de risco considerável que deve ser enfrentado de forma ativa pela equipe odontológica.

Referência:

CARVALHO, Júlia Pereira de; ROSSI, Vanessa. Influência do tabagismo em doenças peri-implantares. Stomatos, Canoas, v. 23, n. 44, p. 32-40, jan./jun. 2017.