Autoestima e Amor-Próprio
06/06/2025

Por Raique Almeida
A autoestima é um elemento essencial na construção do bem-estar psicológico e da qualidade de vida de qualquer indivíduo. Trata-se da forma como uma pessoa se percebe, de uma avaliação subjetiva que pode ser positiva ou negativa, dependendo do julgamento que faz de si mesma. Essa percepção envolve aspectos como comportamentos, desempenho, emoções e imagem corporal. Em termos simples, a autoestima corresponde ao conjunto de crenças e valores atribuídos à própria identidade.
Diversos transtornos psicológicos têm origem em uma percepção distorcida ou negativa de si mesmo. A autocrítica excessiva, o sentimento de inferioridade e a insegurança são exemplos claros de como a baixa autoestima pode comprometer a saúde mental. Além disso, essa condição pode dificultar os relacionamentos interpessoais, reduzir o desempenho profissional e afetar a participação social, tornando o convívio mais difícil e doloroso.
Para fortalecer a autoestima, é fundamental iniciar um processo de autoconhecimento. Conhecer as próprias qualidades, virtudes e potenciais, bem como as limitações e dificuldades, permite uma visão mais justa e equilibrada de si. Muitas pessoas com autoestima baixa concentram-se apenas em seus defeitos, ignorando ou subestimando suas qualidades. Ao praticar o autoconhecimento de forma honesta e compassiva, o indivíduo começa a reconhecer que também possui características positivas que merecem ser valorizadas.
Compreender quem se é, no entanto, não basta. É igualmente importante desenvolver a autoaceitação. Saber dos próprios limites e não respeitá-los, ou reconhecer qualidades e não valorizá-las, gera conflitos internos e reforça sentimentos negativos. A autoaceitação exige o cultivo do respeito próprio, da gentileza no trato consigo mesmo e da responsabilidade pelas próprias escolhas. Quando o indivíduo se aceita como é, com todas as suas imperfeições e potencialidades, ele tende a se sentir mais inteiro e seguro.
Outro fator que impacta negativamente a autoestima é a comparação constante com outras pessoas. Cada indivíduo possui um ritmo e uma trajetória únicos. Ao se comparar com os demais, corre-se o risco de desconsiderar o próprio contexto, as dificuldades enfrentadas e os progressos alcançados. Embora seja possível inspirar-se em outros, é perigoso desejar viver a vida alheia ou seguir exatamente o mesmo caminho. O foco deve estar na própria jornada, respeitando o tempo pessoal e celebrando cada conquista.
Os erros fazem parte do processo de aprendizagem e não devem ser motivo de vergonha. No entanto, quando são repetidos diversas vezes sem que se extraia deles algum aprendizado, podem gerar frustração e diminuir a confiança em si mesmo. Reconhecer os próprios erros, analisá-los e buscar formas de corrigi-los é essencial para o crescimento. A culpa excessiva e o autojulgamento não contribuem para a evolução; ao contrário, paralisam e alimentam uma percepção negativa de si. Errar faz parte da vida, mas é importante errar de maneiras diferentes, sempre buscando melhorar.
Em síntese, a autoestima é construída através de pequenas atitudes diárias. Trata-se de um processo que exige dedicação, paciência e consciência. Por meio do autoconhecimento, da autoaceitação, da superação de erros, da ação proativa e do cuidado consigo, é possível fortalecer a autoestima e construir uma relação mais saudável consigo mesmo. A confiança e o amor-próprio não surgem por acaso são frutos de uma escolha contínua de valorizar quem se é, exatamente como se é, e ainda assim seguir em busca de evolução.
Referências:
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