Dependência Química e Pessoas Vivendo com HIV: Desafios e Perspectivas de Cuidado

14/08/2025

Dependência Química e Pessoas Vivendo com HIV: Desafios e Perspectivas de Cuidado

Por Raique Almeida

 

            A dependência química é um transtorno complexo, caracterizado pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, que interfere de maneira significativa na saúde física, mental e social (APA, 2014). Entre as populações mais vulneráveis aos impactos dessa condição estão as pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), cuja adesão ao tratamento e qualidade de vida podem ser gravemente prejudicadas pelo uso problemático de álcool e drogas ilícitas.

            O tratamento antirretroviral (TARV) requer uso contínuo e disciplinado para manter a supressão viral e prevenir a progressão da doença (UNAIDS, 2022). Contudo, estudos demonstram que a dependência química reduz a adesão à terapia, favorece a ocorrência de falhas virológicas e aumenta o risco de resistência medicamentosa (CHANDLER et al., 2015). Além disso, substâncias como álcool, crack e metanfetaminas podem interagir com os medicamentos, alterando sua eficácia e potencializando efeitos adversos.

            O contexto social também é determinante: pessoas vivendo com HIV e dependência química muitas vezes enfrentam estigmatização múltipla — tanto pela soropositividade quanto pelo uso de drogas, o que limita o acesso a serviços de saúde e redes de apoio (PARKER; AGGLETON, 2003). Esse cenário reforça a importância de políticas públicas e estratégias de cuidado integradas, que considerem não apenas a dimensão biomédica, mas também fatores psicossociais e de direitos humanos.

            O manejo clínico e social desse grupo exige equipes multiprofissionais, combinando tratamento da dependência química, acompanhamento infectológico, apoio psicológico e ações de redução de danos. Intervenções baseadas em evidências, como aconselhamento motivacional, programas de reabilitação e fortalecimento do suporte comunitário, podem melhorar significativamente a adesão ao TARV e a qualidade de vida.

            Portanto, enfrentar a interseção entre dependência química e HIV demanda uma abordagem humanizada, livre de preconceitos e centrada no cuidado integral, capaz de promover não apenas a saúde, mas também a dignidade e a cidadania dessas pessoas.

 

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5). 5. ed. Arlington: APA, 2014.

CHANDLER, R. K. et al. Treating Drug Abuse and Addiction in the Criminal Justice System: Improving Public Health and Safety. JAMA, v. 305, n. 2, p. 183–190, 2015.

JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME ON HIV/AIDS (UNAIDS). Global AIDS Update 2022. Geneva: UNAIDS, 2022.

PARKER, R.; AGGLETON, P. HIV and AIDS-Related Stigma and Discrimination: A Conceptual Framework and Implications for Action. Social Science & Medicine, v. 57, n. 1, p. 13–24, 2003.

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