O Papel da Atividade Física na Recuperação do adicto
07/05/2025

Por Raique Almeida
Há diversos estudos científicos que indicam que a atividade física contribui significativamente para o processo de recuperação de pessoas adictas, uma condição considerada um grave problema de saúde pública. Juntamente com o uso de fármacos e terapias, a atividade física se contrapõe aos efeitos nocivos da dependência, proporcionando bem-estar aos pacientes.
A dependência química é uma questão de saúde pública bastante preocupante. Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2005 e 2015 os últimos dados disponíveis, foram registradas aproximadamente 604 mil internações provocadas pelo uso de substâncias ilícitas no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, esse número não inclui as internações decorrentes do uso de álcool e tabaco, o que certamente aumentaria consideravelmente essa estatística.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a dependência química como uma doença crônica e progressiva, ou seja, que tende a piorar com o tempo e pode gerar outras enfermidades, algumas delas fatais. Conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID), as substâncias mais comuns causadoras de dependência são: álcool, tabaco, cocaína (e seus derivados, como o crack), maconha, entre outras.
Além do tratamento terapêutico, com uso de medicamentos e, quando necessário, internações, a atividade física também auxilia na recuperação. Muitas instituições contam com equipes multidisciplinares para o atendimento ao adicto, oferecendo acompanhamento médico e psiquiátrico, psicoterapia individual ou em grupo, reabilitação psicossocial, prática de exercícios físicos, além de orientação familiar e nutricional.
A prática de atividade física funciona como um importante apoio ao tratamento do adicto, combatendo os efeitos físicos e mentais provocados pela droga. O indivíduo costuma apresentar desequilíbrios em diferentes aspectos de sua saúde, e a atividade física tende a ajudar na restauração desse equilíbrio. Ela contribui para a melhora da autoestima e do humor, reduz os níveis de estresse, favorece a socialização e proporciona sensações de prazer e bem-estar. Todos esses benefícios se contrapõem aos malefícios enfrentados pelo adicto.
É importante destacar que os efeitos positivos da atividade física não são imediatos, mas, com a prática regular e associada ao tratamento terapêutico, é possível alcançar bons resultados. Em relação à modalidade mais indicada, qualquer tipo de atividade física pode ser benéfico, seja praticada de forma individual ou supervisionada. No entanto, as atividades em grupo são geralmente mais recomendadas, por favorecerem a interação social e a motivação coletiva, desde que respeitadas as particularidades de cada caso, sempre com orientação médica adequada.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_atencao_alcool_drogas.pdf. Acesso em: 07 maio 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS – Departamento de Informática do SUS. Internações por uso de substâncias psicoativas: 2005 a 2015. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/. Acesso em: 07 maio 2025.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação Internacional de Doenças – CID-10. 10. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. Disponível em: https://www.who.int/classifications/icd/en/. Acesso em: 07 maio 2025.
NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 6. ed. Londrina: Midiograf, 2020.
FERREIRA, V. M. et al. A prática de atividade física como estratégia terapêutica na recuperação de dependentes químicos. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 20, n. 2, p. 126–132, 2015. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/464. Acesso em: 07 maio 2025.