O Medo Contemporâneo: Abordando suas Diferentes Dimensões

08/05/2025

O Medo Contemporâneo: Abordando suas Diferentes Dimensões

Por Luciana Oliveira dos Santos

            O medo, tradicionalmente compreendido como uma emoção básica e instintiva do ser humano, assume no cenário contemporâneo feições complexas e socialmente construídas. O artigo propõe uma análise aprofundada desse sentimento a partir das transformações culturais e sociais que marcaram o mundo moderno. A autora argumenta que o medo, embora inerente à condição humana, passa por um processo de internalização e ressignificação que revela muito sobre a subjetividade atual e os sintomas do chamado mal-estar contemporâneo.

Uma das principais contribuições do trabalho está em demonstrar que o medo não se manifesta apenas em situações extremas ou diante de ameaças reais, mas também como um estado psicológico difuso, muitas vezes patológico. A síndrome do pânico é apresentada como uma das expressões mais emblemáticas dessa nova configuração do medo, em que o sujeito se sente ameaçado sem saber exatamente por quê. Essa forma de medo internalizado e descontextualizado evidencia a fragilidade psíquica frente às incertezas do cotidiano e a aceleração da vida moderna.

Outra dimensão abordada é a busca paradoxal do prazer por meio do medo. Filmes de terror, esportes radicais e experiências de risco são práticas que revelam uma tentativa de controle simbólico sobre a ameaça. Nesse sentido, o medo é consumido como espetáculo e entretenimento, tornando-se, ao mesmo tempo, um agente de excitação e controle. Essa lógica, segundo Santos, evidencia a ambivalência do sujeito contemporâneo deseja sentir-se vivo diante do perigo, mas também protegido dentro de um contexto controlado.

A preocupação crescente com a segurança pessoal também é apontada como um reflexo do medo generalizado. A cultura da prevenção câmeras de vigilância, sistemas de alarme, seguros e planos de contingência mostra como o medo passou a fazer parte da organização cotidiana da vida. Mais do que uma reação ao crime ou à violência urbana, essa atitude revela uma sensação difusa de vulnerabilidade que perpassa todas as esferas da existência social.

Em suma, o artigo de Luciana dos Santos propõe uma leitura crítica do medo na contemporaneidade, mostrando que ele não pode mais ser entendido apenas como resposta biológica ao perigo, mas como um sentimento profundamente atravessado pelas dinâmicas culturais, sociais e subjetivas. O medo se transforma em sintoma da época, revelando tanto as fissuras da vida moderna quanto os mecanismos psíquicos de defesa diante de um mundo cada vez mais imprevisível e exigente. Essa análise convida à reflexão sobre como nos relacionamos com nossas inseguranças e sobre os modos pelos quais a sociedade atual produz, estimula e administra os medos que nos habitam.

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