Eventos estressores e recaídas de usuários de substâncias psicoativas: revisão sistemática

24/06/2025

Eventos estressores e recaídas de usuários de substâncias psicoativas: revisão sistemática

Por Raique Almeida

            O artigo tem como objetivo investigar, por meio de uma revisão sistemática, a relação entre eventos estressores e a recaída no uso de substâncias psicoativas, destacando a relevância desses fatores no processo de tratamento e manutenção da abstinência. A pesquisa foi conduzida em bases de dados nacionais e internacionais, com o uso de descritores específicos relacionados ao estresse, recaída e dependência química, tendo sido selecionados 13 artigos que atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos pelos autores. A análise dos estudos revelou que eventos estressores sejam eles de natureza interpessoal, financeira, familiar ou relacionados a perdas estão significativamente associados ao risco de recaída entre adictos em tratamento ou em processo de abstinência.

Os autores enfatizam que, embora a recaída seja um fenômeno multifatorial, o estresse aparece de forma recorrente como um gatilho para a retomada do uso, especialmente quando não há estratégias eficazes de enfrentamento desenvolvidas ou quando o indivíduo não conta com suporte psicossocial adequado. Além disso, a pesquisa destaca que a forma como o sujeito interpreta e responde ao estresse é um componente central, sendo que estilos desadaptativos de enfrentamento como a evitação, o isolamento e a ruminação tendem a intensificar a vulnerabilidade à recaída. Nesse contexto, as terapias cognitivas e comportamentais se mostram particularmente úteis, tanto na prevenção de recaídas quanto no fortalecimento de recursos psicológicos para lidar com situações de risco.

Outro ponto relevante abordado no artigo é a importância do acompanhamento terapêutico contínuo, mesmo após a fase inicial de abstinência, já que muitos eventos estressores ocorrem meses após o início do tratamento, em fases onde o indivíduo pode estar mais confiante, porém ainda fragilizado emocionalmente. O estudo também aponta para a necessidade de uma abordagem integrada, envolvendo aspectos emocionais, cognitivos e contextuais na compreensão e prevenção das recaídas. Dessa forma, o artigo contribui para a consolidação do entendimento de que o tratamento da dependência química não deve se restringir à interrupção do uso da substância, mas incluir estratégias específicas para o manejo do estresse e o fortalecimento da resiliência pessoal.

Referência:
SANTOS, Fernanda L. dos; CASTRO, Bárbara M. C. de; OLIVEIRA, Maria S. de. Eventos estressores e recaídas de usuários de substâncias psicoativas: revisão sistemática. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p. 98–106, dez. 2013.

Blog

Informações sobre prevenção, tratamento e recuperação da dependência química e alcoolismo

Este site usa cookies do Google para fornecer serviços e analisar tráfego.Saiba mais.