Quando a Vida Perde a Cor: Um Caminho de Volta ao Sentido
22/05/2025

Por Raique Almeida
Às vezes, na vida, simplesmente perdemos a vontade de tudo. Começamos a olhar para nossos dias e pensar: "Por que nada dá certo? Para que tudo isso serve?" Sentimo-nos como um barquinho de papel sendo levado pela chuva, sem rumo, até cair no esgoto. Há quem deixe a vida seguir assim sem reagir. Mas existe um caminho para sair desse estado.
Faça um movimento de recuo imagine-se na plateia de um teatro, assistindo à sua própria vida como se fosse uma peça. Note seu dia a dia como você funciona, sua relação com os outros, sua alimentação, seu sono, a carga da sua bateria social. Observe com curiosidade, sem julgamentos não se critique por ser “preguiçoso” ou “ineficiente”. Apenas veja o que acontece.
Ao observar essa cena, você perceberá que muitas vezes nós mesmos criamos pequenos infernos particulares. Seja por meio do julgamento interno ou repetindo padrões dolorosos herdados do passado, acabamos jogando sal sobre nossas feridas. Identifique como você potencializa sua dor e evite esse acréscimo desnecessário.
Somos ferozes ao defender causas externas partidos políticos, religiões, opiniões alheias, mas esquecemos de defender nossa própria criança interior, muitas vezes ferida. Pergunte-se do que essa criança precisava? Que traumas ela carregou? Como você pode lutar por ela hoje, com a mesma paixão que defenderia qualquer outra causa?
Advogar por sua criança interior não significa se vitimizar. Sentir pena de si mesmo (“coitadinho de mim”) atrapalha. Todos nós enfrentamos dificuldades injustiças, traumas, perdas. Reconheça sua responsabilidade, mas não se afunde na pena.
Esses movimentos não substituem tratamento em casos clínicos de depressão, que é uma condição que exige cuidado profissional específico. Mas, para aqueles momentos em que simplesmente perdemos o gosto pela vida, afastar-se, observar sem julgar, parar de adicionar sofrimento, defender sua criança interior e evitar a autocomiseração podem ser passos valiosos para reencontrar a vontade de viver.
Referências:
MATÉ, Gabor. Quando o corpo diz não: a conexão entre estresse e doença. 2. ed. São Paulo: Alaúde, 2020.
NEFF, Kristin. Autocompaixão: pare de se torturar e deixe a insegurança para trás. São Paulo: Fontanar, 2013.
MILLER, Alice. O drama da criança bem-dotada: em busca do verdadeiro eu. 12. ed. São Paulo: Summus, 2020.