Prevalência do Transtorno por Uso de Álcool no Brasil e no Mundo: Um Panorama Atual

01/08/2025

Prevalência do Transtorno por Uso de Álcool no Brasil e no Mundo: Um Panorama Atual

Por Raique Almeida

            O transtorno por uso de álcool (TUA) constitui uma condição crônica de caráter progressivo e recorrente, cuja prevalência global permanece elevada, afetando milhões de indivíduos em diferentes contextos sociais, culturais e econômicos. Segundo dados recentes divulgados pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), com base em estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 107 milhões de pessoas no mundo apresentem um padrão de consumo compatível com o diagnóstico de TUA, o que corresponde a cerca de 1,4% da população mundial. Dentre esses casos, a maioria concentra-se em países de baixa e média renda, nos quais os sistemas de saúde enfrentam dificuldades para implementar estratégias eficazes de prevenção e tratamento (CISA, 2025).

            No Brasil, os números revelam um cenário igualmente alarmante. Aproximadamente 4% da população adulta brasileira sofre com algum nível de dependência do álcool, o que equivale a cerca de 6 milhões de pessoas. Esse índice é superior à média global e está associado a múltiplos fatores estruturais, incluindo desigualdades socioeconômicas, baixa cobertura assistencial em saúde mental e naturalização cultural do consumo de bebidas alcoólicas. O padrão de consumo nocivo, caracterizado por episódios intensos e intermitentes (binge drinking), tem se consolidado entre os principais fatores de risco para doenças crônicas, acidentes e violência interpessoal no país (CISA, 2025).

            Além dos impactos individuais e familiares, o alcoolismo representa uma expressiva sobrecarga para os sistemas de saúde pública. Estima-se que, no mundo, cerca de 3 milhões de mortes anuais estejam relacionadas ao consumo de álcool, sendo a maioria decorrente de doenças hepáticas, acidentes de trânsito, suicídios e cânceres. No Brasil, o álcool figura entre os três principais fatores de risco evitáveis de morte precoce e incapacidade, segundo dados complementares do Global Burden of Disease (GBD). Esses dados reforçam a importância de políticas públicas integradas, que combinem regulação da oferta e da propaganda, acesso ao tratamento e campanhas de conscientização social (CISA, 2025).

            Ainda que os prejuízos do alcoolismo sejam amplamente documentados, a adesão a tratamentos segue baixa, com estigmas sociais atuando como barreiras ao cuidado. De acordo com o levantamento do CISA, menos de 10% das pessoas com TUA no Brasil recebem algum tipo de intervenção clínica ou psicossocial. Esse dado evidencia a necessidade de investimentos em estratégias de rastreamento precoce e na capacitação de profissionais da atenção primária à saúde, capazes de atuar de forma empática e humanizada.

            Portanto, os dados atualizados sobre o alcoolismo no Brasil e no mundo apontam para uma crise silenciosa de grandes proporções. O enfrentamento dessa realidade exige não apenas recursos e políticas públicas eficazes, mas também mudanças culturais que promovam a responsabilização coletiva frente ao uso abusivo do álcool e suas múltiplas consequências para a saúde individual e coletiva.

Referência
CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE E ÁLCOOL (CISA). Quantas pessoas sofrem com o alcoolismo no Brasil e no mundo? São Paulo, 2025.

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