Saúde Bucal de Usuários de Drogas Institucionalizados

Por Raique Almeida

            O artigo tem como objetivo analisar as condições de saúde bucal de pessoas em situação de uso abusivo de substâncias psicoativas que se encontram institucionalizadas em comunidades terapêuticas. O artigo desenvolve uma reflexão importante acerca da precariedade da saúde bucal entre essa população, destacando o impacto do uso contínuo de drogas, aliado ao descuido com a higiene pessoal e ao acesso limitado a serviços odontológicos.

A pesquisa caracteriza-se como um estudo descritivo de abordagem quantitativa, realizada com indivíduos acolhidos em comunidades terapêuticas do estado de Minas Gerais, Brasil. A coleta de dados se deu por meio de exames clínicos e aplicação de questionários estruturados. Os resultados indicam um elevado índice de perdas dentárias, doenças periodontais e necessidade de tratamento odontológico entre os participantes. Observou-se que o tempo de uso das substâncias está diretamente relacionado ao agravamento das condições bucais, sendo a cárie dentária um dos problemas mais prevalentes. O estudo também evidencia que os participantes, em sua maioria, desconheciam a relação entre o uso de drogas e os problemas de saúde bucal, demonstrando lacunas importantes no processo de educação em saúde oferecido nas instituições.

Os autores discutem que o uso de substâncias como crack, cocaína e álcool está associado a alterações fisiológicas que favorecem o desenvolvimento de lesões orais, além de comprometerem o sistema imunológico, tornando o organismo mais suscetível a infecções. Além disso, o estilo de vida desorganizado e a negligência com a saúde pessoal, comuns entre pessoas em situação de uso abusivo de drogas, agravam ainda mais os quadros clínicos. O estudo reforça a necessidade da integração de ações odontológicas no processo de reabilitação psicossocial dos adictos, apontando a importância da inserção de profissionais da odontologia nas equipes multidisciplinares das comunidades terapêuticas.

A pesquisa conclui que há uma lacuna significativa na atenção à saúde bucal dessa população, sendo fundamental a articulação entre os serviços de saúde pública e as instituições de acolhimento, a fim de garantir o acesso integral e humanizado ao cuidado odontológico. Os autores recomendam a implementação de políticas públicas voltadas à saúde bucal de populações vulneráveis e a ampliação da formação dos profissionais de saúde para atuação em contextos de dependência química. O estudo contribui para a reflexão sobre a integralidade do cuidado no campo da saúde mental e da atenção às pessoas em uso abusivo de substâncias, evidenciando que a saúde bucal, muitas vezes negligenciada, deve ser tratada como componente essencial da recuperação e reinserção social dos adictos.

Referência:

FERREIRA, Warli de Brito et al. Saúde bucal de usuários de drogas institucionalizados. Enfermería Actual de Costa Rica, n. 35, p. 1-13, jul./dez. 2018.