Riscos e consequências do tabagismo passivo na saúde pública

24/08/2025

Riscos e consequências do tabagismo passivo na saúde pública

Por Raique Almeida

            O tabagismo passivo, também denominado exposição involuntária à fumaça ambiental do tabaco, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um grave problema de saúde pública, pois não afeta apenas os fumantes, mas também aqueles que convivem em ambientes contaminados pela fumaça do cigarro. Estima-se que cerca de 1,3 milhão de pessoas morram por ano em decorrência da exposição passiva à fumaça do tabaco no mundo, o que revela a magnitude e a gravidade do problema (OMS, 2023). No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) alerta que a fumaça do cigarro contém mais de 7.000 substâncias tóxicas, das quais pelo menos 70 são cancerígenas, colocando os fumantes passivos em risco semelhante ao dos fumantes ativos (INCA, 2021).

            A exposição ao tabaco em ambientes fechados é particularmente prejudicial para crianças, idosos e gestantes. Estudos apontam que crianças expostas à fumaça apresentam maior incidência de infecções respiratórias, otites recorrentes, bronquite, pneumonia e crises de asma (SILVA; LIMA, 2019). Além disso, a exposição durante a gestação pode provocar baixo peso ao nascer, partos prematuros e até mesmo abortos espontâneos (INCA, 2021). Os efeitos não se restringem apenas ao sistema respiratório há também impactos cardiovasculares significativos, uma vez que o tabagismo passivo aumenta o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017).

            Do ponto de vista social, a problemática do fumante passivo está diretamente relacionada à necessidade de políticas públicas eficazes. A criação de ambientes livres do tabaco em locais públicos e privados de uso coletivo representa um marco na proteção da saúde populacional, especialmente com a aprovação da Lei nº 12.546/2011, que proíbe o fumo em ambientes fechados no Brasil. Tais medidas reduzem a exposição da população à fumaça, além de desencorajar o consumo e contribuir para a diminuição da prevalência de fumantes (CARVALHO; SOARES, 2020).

            É importante ressaltar que a vulnerabilidade do fumante passivo decorre da ausência de escolha em relação à exposição. Diferentemente do fumante ativo, que decide pelo consumo, o fumante passivo é vítima das consequências sem necessariamente adotar o hábito. Essa condição reforça a dimensão ética e social do problema, pois envolve o direito coletivo à saúde e à proteção contra substâncias nocivas (SILVA; LIMA, 2019).

            Dessa forma, observa-se que o tabagismo passivo é responsável por impactos significativos na saúde pública, abrangendo tanto agravos imediatos quanto crônicos, que podem resultar em doenças graves e mortes evitáveis. A conscientização da população, aliada a políticas públicas de restrição ao fumo em ambientes coletivos, constitui estratégia fundamental para reduzir os riscos e consequências associados a essa prática. Assim, combater a exposição involuntária à fumaça do tabaco é preservar não apenas a saúde dos indivíduos diretamente atingidos, mas também promover uma sociedade mais saudável e justa.

Referências

CARVALHO, M. A.; SOARES, L. G. Tabagismo passivo e saúde pública: avanços e desafios. Revista Brasileira de Saúde Coletiva, v. 25, n. 3, p. 1223-1232, 2020.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Tabagismo passivo: informações e riscos. Rio de Janeiro: INCA, 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br. Acesso em: 24 ago. 2025.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). WHO Report on the Global Tobacco Epidemic 2023. Geneva: WHO, 2023.

SILVA, R. A.; LIMA, J. F. Impactos do tabagismo passivo na saúde infantil: revisão integrativa. Revista de Enfermagem Atual, v. 91, n. 29, p. 45-53, 2019.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Second-hand smoke: assessing the burden of disease at national and local levels. Geneva: WHO, 2017.

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