Luto e Perda: Compreendendo a Dor da Ausência de um Ente Querido

15/08/2025

Luto e Perda: Compreendendo a Dor da Ausência de um Ente Querido

Por Raique Almeida

            O luto é uma experiência universal e inevitável, que se configura como um processo psicológico, emocional, social e até físico diante da perda de alguém significativo. Trata-se de uma vivência subjetiva e profundamente singular, marcada por reações que variam conforme a personalidade, história de vida, vínculo com o falecido e o contexto da perda. De acordo com Worden (2013), o luto envolve tarefas emocionais que precisam ser elaboradas para que a pessoa possa reintegrar-se à vida sem a presença do ente querido.

            A perda é um evento que rompe a continuidade da existência, provocando um vazio que, segundo Kübler-Ross (2008), desperta uma série de reações emocionais, frequentemente associadas às cinco fases do luto negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Essas etapas não são necessariamente lineares, podendo coexistir ou se alternar de forma não sequencial, evidenciando a complexidade do processo.

            No campo da psicologia, Bowlby (1998) ressalta que o luto é uma resposta natural ao rompimento de vínculos afetivos, estando intrinsecamente relacionado à teoria do apego. Quando um elo significativo é interrompido, o indivíduo é confrontado com a ausência, o que pode gerar dor intensa, sensação de vazio e até sintomas físicos, como fadiga e alterações no apetite.

            Além do sofrimento individual, o luto é também um fenômeno social e culturalmente construído. Cada sociedade estabelece rituais e práticas que auxiliam na elaboração dessa perda, fornecendo um espaço simbólico para a expressão da dor e a preservação da memória do falecido (PARKES, 1998). Esses rituais, como velórios e cerimônias religiosas, desempenham papel essencial na integração emocional do enlutado, funcionando como um suporte coletivo.

            Embora a dor da perda possa parecer insuportável em um primeiro momento, muitos autores apontam para a possibilidade de crescimento pós-traumático. De acordo com Franco (2010), ao vivenciar e elaborar o luto, algumas pessoas desenvolvem maior resiliência, empatia e capacidade de valorização da vida. Esse processo, porém, não significa esquecer o ente perdido, mas aprender a ressignificar sua ausência e integrá-la à própria história.

            Por fim, compreender o luto como um processo natural e necessário é fundamental para lidar com a dor de forma saudável. A escuta empática, o apoio social e, em alguns casos, o acompanhamento psicológico, podem auxiliar na travessia desse caminho difícil, mas inerente à condição humana. Como lembra Kübler-Ross (2008), “a morte é parte da vida, e o luto é o preço que pagamos pelo amor que sentimos”.

Referências

BOWLBY, John. Perda: tristeza e depressão. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

FRANCO, Maria Júlia Kovács. Vida e morte: aspectos psicológicos e sociais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

KÜBLER-ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

PARKES, Colin Murray. Luto: estudos sobre a perda na vida adulta. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

WORDEN, J. William. Tarefas do luto: estratégias para o cuidado. Porto Alegre: Artmed, 2013.

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