Qualidade de vida, autoestima e autoimagem dos dependentes químicos
05/07/2025

Por Raique Almeida
O artigo investiga as complexas relações entre a dependência química e aspectos subjetivos da existência humana, como a autoestima, a autoimagem e a percepção de qualidade de vida. A pesquisa, de caráter quantitativo e exploratório, foi conduzida com indivíduos em processo de recuperação em uma instituição especializada. Os autores buscaram compreender de que maneira o uso abusivo de substâncias psicoativas interfere nas dimensões física, psicológica, social e ambiental da qualidade de vida, além de avaliar como os sujeitos percebem a si mesmos no decorrer da trajetória de uso e tratamento.
Os resultados indicam que os adictos apresentam níveis reduzidos de autoestima e autoimagem, o que afeta diretamente a percepção geral sobre sua qualidade de vida. Muitos dos participantes relataram sentimentos de inutilidade, culpa e desesperança, elementos que são potencializados pelo estigma social e pela marginalização que acompanham a condição de adicto. Ao mesmo tempo, observou-se que a inserção em programas terapêuticos contribui para uma melhora gradual nesses indicadores, especialmente quando há apoio psicossocial e estímulo à reconstrução do projeto de vida.
A pesquisa demonstra que a dependência química compromete profundamente a percepção de bem-estar, impactando não apenas a saúde física, mas também o equilíbrio emocional, os relacionamentos interpessoais e o sentimento de pertencimento. A baixa autoestima e a imagem negativa de si mesmos tornam-se barreiras importantes na adesão ao tratamento, reforçando o ciclo de recaídas. Assim, os autores ressaltam a importância de estratégias terapêuticas que promovam a valorização pessoal e a ressignificação da própria identidade, elementos fundamentais para a reconstrução da autoestima e da autoimagem positiva.
Outro ponto relevante é que os participantes que estavam há mais tempo em acompanhamento terapêutico apresentaram melhora mais significativa na autoimagem e na autoestima, o que reforça a importância da continuidade no cuidado e do acompanhamento a longo prazo. O estudo conclui que o processo de recuperação da dependência química deve ir além da abstinência e incluir ações que favoreçam o empoderamento subjetivo dos adictos, a reinserção social e a reconstrução de vínculos afetivos, familiares e comunitários. Dessa forma, a qualidade de vida pode ser resgatada e fortalecida, com base em uma visão integral e humanizada do cuidado em saúde.
Referência:
OLIVEIRA, C. Q.; ARAÚJO, R. B.; LOTTERMANN, E. Qualidade de vida, autoestima e autoimagem dos dependentes químicos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 7, p. 1945-1952, jul. 2013.