Saúde Mental e Adoecimento de Estudantes Universitários
08/09/2025

Por Raique Almeida
O ingresso no ensino superior representa um marco significativo na trajetória acadêmica e pessoal do estudante, sendo frequentemente acompanhado de expectativas, desafios e pressões que podem impactar sua saúde mental. Nos últimos anos, pesquisas apontam para um aumento expressivo de casos de ansiedade, depressão e outros quadros relacionados ao adoecimento psíquico entre universitários, fenômeno que se relaciona tanto a fatores individuais quanto às exigências estruturais das universidades (SANTOS; OLIVEIRA, 2021).
O ambiente acadêmico, muitas vezes, é marcado por competitividade, sobrecarga de estudos, escassez de tempo para o lazer e dificuldades de conciliação com a vida social e familiar. Esse cenário pode contribuir para a intensificação de sintomas de estresse e para o desenvolvimento de transtornos emocionais (CUNHA; CUNHA; BORGES, 2020). Além disso, o afastamento da rede de apoio, principalmente para estudantes que se deslocam de suas cidades de origem, intensifica sentimentos de solidão e isolamento, elementos que agravam o risco de adoecimento mental (SILVA; VASCONCELOS, 2019).
A precarização das condições socioeconômicas também desempenha papel central nesse processo. A necessidade de conciliar trabalho e estudo, as dificuldades financeiras e a insegurança em relação ao futuro profissional aumentam o desgaste psicológico do estudante universitário. Segundo Faria e Maia (2022), tais condições funcionam como fatores estressores crônicos, comprometendo a qualidade de vida e a permanência no curso.
Nesse contexto, destaca-se a importância da implementação de políticas institucionais de acolhimento e promoção da saúde mental. A criação de núcleos de apoio psicopedagógico e psicológico, bem como o incentivo a práticas de autocuidado, são estratégias fundamentais para prevenir o agravamento de quadros de sofrimento psíquico e reduzir a evasão universitária (MEDEIROS; LIMA, 2021). Além disso, iniciativas de sensibilização sobre saúde mental no ambiente acadêmico contribuem para romper estigmas e ampliar o acesso dos estudantes a serviços de apoio.
Portanto, o adoecimento do estudante universitário não pode ser entendido apenas como um fenômeno individual, mas como um reflexo das condições sociais, institucionais e econômicas que atravessam o processo de formação acadêmica. A universidade, como espaço de produção de conhecimento e de formação cidadã, deve também assumir a responsabilidade de promover o bem-estar integral de seus discentes. Assim, pensar estratégias de prevenção e cuidado em saúde mental é fundamental para garantir não apenas a permanência, mas também a qualidade da vivência universitária.
Referências
CUNHA, F. M.; CUNHA, J. R.; BORGES, M. V. Saúde mental e estresse acadêmico em universitários: uma revisão integrativa. Revista Psicologia em Pesquisa, v. 14, n. 1, p. 1-12, 2020.
FARIA, R. A.; MAIA, F. P. Fatores socioeconômicos e saúde mental de estudantes universitários: desafios contemporâneos. Revista Brasileira de Educação Superior, v. 8, n. 3, p. 45-60, 2022.
MEDEIROS, A. C.; LIMA, T. F. Estratégias de promoção da saúde mental em universidades brasileiras. Revista Saúde & Sociedade, v. 30, n. 2, p. 112-124, 2021.
SANTOS, P. R.; OLIVEIRA, G. A. Ansiedade e depressão em estudantes universitários: um estudo de prevalência. Revista Psicologia: Teoria e Prática, v. 23, n. 1, p. 1-15, 2021.
SILVA, L. M.; VASCONCELOS, C. A. Isolamento social e sofrimento psíquico em estudantes universitários. Revista Interfaces da Educação, v. 10, n. 29, p. 233-249, 2019.