Sintomas da crise de ansiedade

27/05/2025

Sintomas da crise de ansiedade

Por Raique Almeida

            A ansiedade é uma resposta natural do corpo ao estresse, sendo caracterizada por um sentimento de medo ou apreensão diante de situações que estão por vir. Todos já experimentaram essa sensação em algum momento da vida, como no primeiro dia de aula, em uma entrevista de emprego ou ao ter que realizar uma apresentação. Esses episódios de ansiedade são passageiros e não interferem significativamente na vida cotidiana. No entanto, quando a ansiedade se manifesta de forma intensa, frequente e desproporcional, estamos diante de uma crise de ansiedade.

O cérebro humano é capaz de perceber situações de ameaça e, como resposta, envia sinais ao corpo para que este possa reagir de forma eficaz. Esse processo envolve a liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina, produzidos pelas glândulas suprarrenais. Esses hormônios são responsáveis por preparar o organismo para enfrentar o perigo, por meio da resposta conhecida como "lutar, fugir ou congelar" ("fight, flight or freeze"). Nesse momento, o corpo apresenta diversas reações fisiológicas, como aceleração dos batimentos cardíacos, boca seca, visão em túnel, audição seletiva, respiração ofegante, tensão muscular, interrupção da digestão, tremores, sudorese e aumento da pressão arterial.

No entanto, em casos de crise de ansiedade, essas respostas ocorrem mesmo na ausência de um perigo real. O cérebro interpreta situações cotidianas como ameaças, desencadeando reações fisiológicas desproporcionais de forma recorrente. Isso leva a uma ativação constante do eixo do estresse, resultando em um gasto elevado de energia e consequências prejudiciais à saúde. A elevação contínua do cortisol pode causar aumento da glicose sanguínea, contribuindo para o desenvolvimento de diabetes e osteoporose. Da mesma forma, a presença constante de adrenalina pode provocar hipertensão arterial, taquicardia, arritmias, inquietação, dores de cabeça e insônia. Além disso, surgem sintomas como sensação de sufocamento, palpitações, dificuldades de concentração, esquecimentos, gastrite, prejuízo na escuta ativa e sintomas depressivos.

A crise de ansiedade pode ter diversas causas, que envolvem fatores genéticos e ambientais. Experiências negativas ao longo da vida, especialmente na infância, podem aumentar a vulnerabilidade ao desenvolvimento do transtorno. A presença de histórico familiar de transtornos de ansiedade ou de outras doenças mentais também é um fator de risco. Além disso, condições clínicas como disfunções da tireoide, arritmias cardíacas, o uso de cafeína, de substâncias psicoativas ou de determinados medicamentos podem desencadear ou agravar os sintomas.

O tratamento da crise de ansiedade visa interromper o ciclo de ativação cerebral excessiva. Para isso, é fundamental buscar o autocontrole, uma vez que, quando o indivíduo se percebe no controle da situação, torna-se capaz de encontrar soluções e saídas. É recomendável envolver-se em atividades prazerosas, manter relacionamentos afetivos saudáveis e evitar o uso de álcool e outras drogas, que podem intensificar os sintomas. A prática regular de exercícios físicos e o sono de qualidade também são estratégias importantes.

Por fim, é essencial procurar auxílio profissional. Os transtornos de ansiedade são geralmente tratados por meio de psicoterapia, medicamentos ou uma combinação de ambos. O acompanhamento especializado é fundamental para promover o bem-estar e restaurar a qualidade de vida.

Referências

BANDLOW, Borwin. Ansiedade: como enfrentar o mal do século. São Paulo: Cultrix, 2016.

DSM-5. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

KNAPP, Patrícia; WIEDEMANN, Paula M. Transtornos de ansiedade: aspectos clínicos e terapêuticos. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 64–72, 2012.

NOLEN-HOEKSEMA, Susan. Compreendendo os transtornos psicológicos. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014.

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